Comprometimentos

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Neste mundo, nesta sociedade pragmática e utilitária, viver sem objetivos e sonhos, sem buscar a realização de desejos é um despropósito.

 

Não ter propósitos e objetivos caracteriza os desocupados, os deprimidos ou os que não sabem para que viver. Aparentemente essa é uma afirmação perfeita, objetiva e esclarecedora. À primeira vista é a afirmação do óbvio e o que se pode dizer ou criticar é que a realização de desejos pertence à esfera dos sonhos e nesse sentido foge aos padrões pragmáticos. Olhando de novo e nos detendo nas implicações, percebemos que no contexto dessa afirmação, viver não basta, não é suficiente, é preciso algo que o justifique. A busca de justificativa para o óbvio e pregnante é o início da desvalorização do humano, e, então, não basta viver, é necessário funcionar e realizar objetivos e vantagens úteis, edificantes e significativas.

 

Essa ideia cria os céus, os deuses e também os poderes terrenos, tais como: glória, fama, sucesso, riqueza, assim como transforma o humano em massa para produzir engajamentos, lucros e realizações. Feito isso, o mundo, antes de ser dividido entre ricos e pobres, belos e feios, homens e mulheres, foi dividido entre lutadores e submissos, eternizando a ideia de que viver é guerrear, lutar, resistir, não abrir mão de planos e desejos. Ser humano não é suficiente, é necessário transformá-lo em ingrediente, em massa de manobra. Isso é feito por religiões, sistemas políticos e sociais. 

 

Enfim, a busca de propósito transforma o humano em engrenagem, matéria-prima dos sistemas pragmáticos atuantes.

 

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Psicoterapeuta - criadora da Psicoterapia Gestaltista, mais informações em seu Site e na Wikipedia (Cf. links). Autora de diversos livros e artigos na área da psicologia.

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