Perguntas e Respostas
Kafka em seu livro "Parábolas e Fragmentos" diz que não entendia como as perguntas dele não obtinham respostas, comentando ainda não entender como podia fazer perguntas.*
Perguntas são fundamentais para questionamento e mudança, podendo também ser impeditivas de constatações e reflexões quando transformadas em busca de respostas substitutivas das próprias vivências. A pergunta deve resultar da dúvida, do questionamento, da antítese e não ser um recorte verificador de regras e padrões.
Perguntar a alguém por alguma coisa é um direcionamento que supõe outras realidades além das configuradas. Esta expectativa gera necessidades responsáveis por familiaridade, estranhamento, dúvidas e certezas; cria e aplaca ansiedades. O estabelecimento de posições, o acreditar em delineamentos e descobertas, antes de qualquer coisa funciona como trincheiras, abrigos e caminhos a conquistar e desbravar. Este se por em cheque, faz aprender, adequar tanto quanto padroniza e adapta. Matar a curiosidade é sedar a motivação. A psicopatologia do cotidiano nos mostra isto claramente através das compulsões, hábitos obsessivos e loucura administrada. A flexibilidade do perguntar é estagnada pelas respostas.
A pergunta é o início da travessia, é a passagem para outro contexto. É uma ponte que deve ser destruida após sua utilização desde que não há porque usá-la novamente. Quando perguntar se torna regra e hábito, vira código, monumento, torna-se caminho construido que sempre supre direções anteriormente marcadas, tão necessárias que se tornaram obsoletas.
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* "Outrora eu não podia compreender que minhas perguntas não obtivessem resposta; hoje em dia não compreendo que jamais tivesse admitido a hipótese de formular perguntas… Bem, eu não acreditava então em coisa alguma - só fazia perguntar" - Franz Kafka
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"Parábolas e Fragmentos" de Franz Kafka
"Nietzsche e o Círculo Vicioso" de Pierre Klossowski
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