Impedimentos


Quando a constatação do que se quer, do que se gosta é vivenciada em estruturas apriorísticas, surge necessariamente a descoberta da impossibilidade, do medo e da dificuldade. Nestes casos, atingir o que se deseja só é possível quando se rompe o medo, o preconceito, quando se abre mão de garantias, certezas e vantagens. 

Jogado neste embaralhado de desejos e medos, se inicia um processo de mudança, de se perceber de maneira nova, que pode ser liberador embora sempre conflitivo e fragmentador. Perceber as próprias divisões e contradições pode nada significar se isto é vivenciado de uma maneira fragmentada e circunstancial.

A ultrapassagem dos conflitos pela realização do que se deseja, pelo rompimento da omissão, do medo, cria nova realidade, determinando vivências de encontro.

Mudança é superação de padrões aprisionantes e limitadores. Abrir mão do inadequado é fácil, entretanto se torna difícil se ele for algo considerado bom, algo que traz alguma vantagem, que é conveniente. Mudar, sair desta inadequação, se torna, assim, a prova do fracasso, do erro, do desajuste, é visto como sair do bom caminho e trilhar o que conduz a prejuízos. Esta atitude onde o importante não é o andar, é onde se anda, esta teleologia, esta busca de acertos produz máquinas caminhantes, seres desejantes sob condições. É a desumanização, é o compromisso, o viver independente de realizar o que se quer, pois o mais importante é o que se aparenta querer, aparenta ser.












"Vida de Marionetes" de Ingmar Bergman
"Desejos Secretos" de Inês Reider e Diana Voight

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