Nó Górdio

Nó Górdio - Mosaico Antigo

No centro da atual Turquia, próximo a Ankara, ficava a antiga cidade mais importante da Frígia: Gordion. Pouco se sabe da história da Frígia além dos mitos que envolvem seus reis Górdio e Midas. Em um desses mitos a linhagem dos dois reis é contada a partir de Górdio, o camponês que virou rei. O antigo rei da Frígia não tinha herdeiros e quando morreu o Oráculo disse que o rei sucessor chegaria em um carro de bois. Quando um camponês, chamado Górdio, chegou à cidade em seu carro de bois, foi coroado rei, e em seguida colocou a sua carroça no templo de Zeus amarrada com um nó forte. Esse nó ficou famoso por ser muito difícil, até impossível de ser desatado, ficando conhecido como o nó górdio. Górdio teve apenas um filho, chamado Midas, que o sucedeu no trono, mas que, por sua vez, não teve filhos, não deixou sucessores. Consultando novamente o Oráculo ficou estabelecido que quem conseguisse desatar o nó de Górdio seria o próximo rei e dominaria todo o mundo. Séculos se passaram sem que ninguém conseguisse desatá-lo, até que Alexandre o Grande, passando pela Frígia e ouvindo essa história foi examinar o instigante nó e após estudá-lo cortou-o com sua espada. Sabemos que Alexandre tornou-se imperador de toda a Ásia Menor.

A metáfora do nó górdio nos remete ao entendimento de que para resolver é preciso se deter no problema. Sempre que existe um problema, existe solução do mesmo, isso é infalível, é matemático. Não perceber assim decorre de deslocamentos de não aceitação das próprias dificuldades e limites. O querer solução, achar um jeito, encontrar uma magia que resolva são cogitações que, quando exercidas, afastam as possibilidades de solução do problema.

Às vezes a única maneira de desatar o nó é cortá-lo. Achar que o nó deve ser preservado, ou que as situações devem ser mantidas, é um dos ardis de deslocamentos da não aceitação da situação problemática. Alexandre o Grande, ao cortar o nó górdio, desmonta uma tradição - a marca do coroamento de Górdio - tanto quanto realiza a transformação do proposto ao sinonimizar cortar com desatar. Essa primeira mudança em relação aos parâmetros restritivos é o que permite a reconfiguração e a transformação do enigma, do problema. Foi necessário ir além do proposto para encontrar sua proposição básica.

Essas mudanças, essas situações aparentemente mágicas que acontecem e possibilitam resolução dos problemas, dependem de iniciativa, determinação e coragem. É isso que desamarra o que fixa e mantém a problemática.


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