O inefável
Em todas as vivências relacionais existe interstícios que também são dados e vivências relacionais mas que sempre permanecem como Fundo. Essa permanência é um contexto inalterado. É sempre Fundo não revertido como Figura daí nunca ser percebido e assim passa a ser o inefável, o sutil, o que não aparece embora explique tudo. Em termos humanos isso é configurado como confiança no outro, fé nas infinitas possibilidades do estar no mundo, certeza da própria isenção, da própria disponibilidade.
Perceber essa dinâmica é também perceber os entraves e dispersores das certezas e das constatações. O se deter nas constatações, aparente restrição vivencial e fragmentadora, é totalmente amplificador, pois recria a cada segundo as infinitas variáveis responsáveis pelo instante, pela vivência que se tem. É quase uma mágica a desconstrução do denso, do enfático, do proposto. Apenas o que é, é. Este desnudamento é a revelação das essências configuradoras dos relacionamentos: é o amor, é a decepção, é a tristeza, é o luto pela perda, é a descoberta da traição, é a constatação dos próprios enganos e de outros vivenciados pelos encontros e desencontros.
O inefável é o essencial que costura fatos, recortes dispersos e ainda não significados. É o que está sendo tecido, urdido por muito tempo e que, quando percebido, é a Figura e sobressai em toda sua dimensão. Percebido, o sutil é o inefável. O mesmo está desvencilhado de seus estruturantes contingenciais e resplandece possibilitando conhecimento e descoberta. É o passível de ser configurado em todas as suas direções, libertado de contingências e endereçamentos solapadores de seus significados.
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