Oscilações



Satisfeito e insatisfeito em suas demandas e desejos o indivíduo se modifica. Os processos de verificação o transformam em padrão, em régua medidora e avaliadora do que ocorre. A avaliação direciona o que pensa, sente e decide em função de referenciais que o situam, adaptam ou desadaptam.

Este processo de desumanização exila o tempo, o conhecimento e o presente das vivências humanas. Tudo é feito por ou para alguma coisa. Quando isso falha, quando não existe ou quando se repete vem o vazio, o desencanto, o não saber o que fazer. Neste momento a necessidade de repetir é gerada seja pelo esquecimento, alienação ou dependência. Álcool e outras drogas, às vezes sexo, são estimulantes, ajudam a colorir o branco vivenciado. Esse descolorido significado como medo é sempre depressor. Alguma coisa tem que acontecer, algo que faça a diferença, que acalme, que faça esquecer. Qualquer sistema que ofereça diferenciação serve. Está assim criado o campo de manipulação. Dogmas, regras, perguntas, explicações tudo é bem vindo. A ideia de Deus pode ser tranquilizante, pode criar esperança e ser companhia para os dias áridos. O álcool, as drogas ilícitas e lícitas criam outra dimensão na qual nada existe salvo a própria confusão mental. O sexo, como busca de prazer, é também uma ilusão de participação, de estar vivo, de ser considerado e tocado.

O despropósito gera mais despropósito, tanto o considerado bom, como o considerado ruim é amealhado. Baú de memória, Caixa de Pandora tudo é guardado e convenientemente utilizado. A vida é transformada em possibilidade ou impossibilidade de iniciar condições para resultados que justifiquem motivação e novos desejos.

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