Perspectivas e limites



Perceber limites é ampliar perspectivas, tanto quanto destruí-las. Tudo vai depender de como se vivencia o presente, o que está aqui e agora consigo.

Quando o presente é pontualizado ele é apenas um trampolim, uma mola que impulsiona para o que se deseja ou para o que se teme. Ele não é percebido com tudo que o configura, ele é apenas o que está sendo útil ou o que está sendo inútil. É o propulsor, o que vai permitir chegar ao que se deseja. Qualquer base, qualquer ponte destruída, qualquer impedimento gera desejo, raiva ou depressão. Não se sabe o que fazer pois se vive em torno do mesmo ponto. Essa circunvolução cria mesmice. É a repetição que desespera, deprime, deixa todos os desejos e soluções ameaçadas. Essa vivência do obsoleto é expansiva, todas as coisas passam a significar dentro desse referencial, desse contexto de arcaísmo. Acabam as perspectivas, vem a depressão: o medo ou a vontade de morrer ao observar o impacto avassalador dos limites, da não perspectiva.

Quando os limites são pensados e aceitos, o presente é vivenciado como presente. É o caminho, o contexto que sustenta, que impõe continuidade, é o construtor de perspectivas. Vivenciar o presente é perceber a continuidade dos processos. Isso permite aceitar perspectivas, mesmo que limitantes. Essa percepção dos limites geradores de novos limites é libertadora, pois afirma processos e continuidade. Saber-se parte de uma totalidade, que também se totaliza na continuidade, finitude e reversibilidade de processos, torna instantânea a desvinculação, a revelação, o esclarecimento que abre perspectivas, realiza e quebra limites. É vitória, é descoberta, é vida, é morte, é final de processos. 

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