Temporalidade – Condição humana inegável

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Mesmo olhando para trás e lembrando de ocorrências estamos no presente realizando essa mágica, essa busca, essa fuga que é viver do passado e de lembranças. Também quando nos preocupamos, nos ocupamos previamente do que pode acontecer, igualmente estamos no presente. Essa antecipação - conjunturas revestidas de medo, ansiedade ou preocupação - é uma maneira de tentar descobrir ou evitar o que vai acontecer, mas, é uma vivência que está sempre ocorrendo no presente. Vivemos no aqui e agora, olhamos para trás, ou para a frente, ou para o que está diante de nós.

 

A temporalidade nos caracteriza e é ela que nos permite transcender a espacialidade de nossa contingência vivencial. Às vezes se pensa que é um clichê, uma regra inventada, dizer que o ser humano é contingenciado pelos seus aspectos tempo-espaciais.

 

Tempo e espaço nos situam, mas não nos constituem. Nossa constituição é a possibilidade de relacionamento e isso se dá sempre em um tempo e em um espaço. São os planos, as realidades que nos suportam, que nos situam. Esses genéricos configurativos – tempo e espaço – são metamorfoseados diariamente em épocas (História), fatos e processos, tanto quanto olhares, risos, pensamentos, fisionomias que passam a denominar e explicar, enfim a traduzir o que nos rodeia. É um mundo significativo e estruturado por encontros e desencontros. É a vida, é o processo de estar no mundo com os outros. Nesse sentido, constituímos o compêndio explicativo do que acontece, do que deve ser continuado ou evitado. São as histórias, os livros, os mitos, as lendas que transportam tudo que aconteceu para o que está acontecendo. É o viver, é a nossa trajetória com o outro, a família e também sociedades e cultura. Somos, como humanos, os tijolos construtores de civilizações, processos culturais e científicos.

 

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Psicoterapeuta - criadora da Psicoterapia Gestaltista, mais informações em seu Site e na Wikipedia (Cf. links). Autora de diversos livros e artigos na área da psicologia.

Comentários

  1. Augusto Freire5 de janeiro de 2025 às 19:22

    Seu texto me fez pensar e rever alguns conceitos. Na questão de tempo e espaço nos situarem, pensei em entrevista de Michel Foucault que vi gravada, e texto Nikolas Rose, que li. De formas diferentes discorrem sobre o processo dinâmico das condições históricas e geográficas que referenciam a forma de compreender as relações. As práticas sociais, os discursos e as tecnologias criam os modos de ser dos indivíduos. Compreender isso é essencial para refletir de forma crítica sobre como somos 'moldados' pelo tempo e espaço em que vivemos. Vejo que você faz isso sempre.

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