Organizar e problematizar

As soluções estão sempre ao nosso alcance, embora, geralmente, o que é vivenciado e pensado são as soluções buscadas fora do contexto gerador dos problemas.

Basta haver um problema, para que haja possibilidade de solução, que só é alcançada se as pessoas se dedicarem aos problemas e não à buscar a solução.

Não pode haver solução sem problematizar. Em psicoterapia esta questão é enfática. Sempre que se busca uma solução fora da situação problemática, ela não é encontrada, ou ela surge como tampa buraco excludente, remendo que embaralha informações e dados. As soluções surgem a partir de como se colocam as questões, de como são questionadas as atitudes, as motivações e as dificuldades. Para mudar não é necessário sanar situações consideradas problemáticas, consideradas desagradáveis. Para mudar basta questionar os referenciais criadores das dificuldades.

Dificuldades, problemas são sintomas de situações mal postas, mal arranjadas, parcialmente configuradas. Às vezes, basta olhar para o lado, ou para frente, e tudo se esclarece, tudo muda, ou como dizia Wittgenstein: “problemas se resolvem não por dar novas informações, mas por ordenar o que sempre soubemos”, em outras palavras: não é o sintoma, não é o desequilíbrio que problematiza, é a atitude que se tem com o mesmo, a atitude com o que infelicita, que traduz outros interesses e configurações além dos existentes, exigindo reconfigurações, mudanças e novas organizações.


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