Ressentimentos e submissão - Ética do oprimido
Queima de livros durante o nazismo |
Nietzsche dizia que “a moral do ressentimento é a moral do escravo”. O ressentimento agrupa e comanda pessoas submetidas a medos, ódio e raiva, e é nesse sentido que Nietzsche fala em escravos, ou seja, alguém que é diferente do homem livre, pois sem autonomia está submetido a seus opressores.
Ter inveja, ter ódio, ter mágoa e não poder expressá-las produz ressentimentos e frustração. São as vítimas oprimidas que escolhem sempre bodes expiatórios para extravasar seus medos, seus ódios, ou pior, utilizam sugestões, aceitam bodes expiatórios para drenar seus ódios. No nazismo assistimos às multidões ressentidas e determinadas destruirem sinagogas. Nas atuais sociedades democráticas, a política, as redes sociais, os pilares democráticos corroídos e destruídos servem para veicular ódio, medo, rejeição a determinados segmentos sociais e étnicos. Ter inveja e raiva e não conseguir expressá-los por medo e submissão, seja a familiares, cônjuges ou ao poder social, cria os dependentes, os submissos, os escravos das ordens familiares e sociais, constituídas para conter e aprisionar.
Seres humanos presos nesses sistemas perdem autonomia, vivem referenciados em salvar a própria pele, e assim, transformados em escravos de suas necessidades, transformam a ética social em moral, ética de ressentimento: vingança e inveja. É uma ética pois essa atitude está submetida a regras, critérios e mandamentos, como por exemplo a própria vantagem em primeiro lugar, destruir o que for necessário para sobreviver etc. mesmo que sejam os próprios familiares, as próprias crenças ou o meio ambiente: rios poluídos, assoreados e pessoas desumanizadas.
Estar autorreferenciado em inveja, ódio e medo é ser escravo de ansiedade, depressão e frustração. É uma maneira de se transformar em robô das demandas alimentares e de sobrevivência, é, conforme Nietzsche, o “sub-homem”.
Existe homem, não existe super ou sub-homem, mas existem os sobreviventes alienados em função de suas necessidades, suas fraquezas, frustrações e medos.
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