Convergência
Quando tudo conflui para o mesmo ponto, para a mesma direção, parece que um imã polariza. É a convergência. Poucas vezes isso acontece no dia a dia, pois a convergência exige transposição de limites e de circunstâncias. Estar imantado, polarizado para um mesmo ponto, não é seguir um padrão, não é ser conduzido. A convergência requer transcender os situantes. Assemelha-se a uma forte corrente formada por várias correntezas que é puxada para um mesmo objetivo. Dias atrás, nas cerimônias do enterro do Papa Francisco percebemos essa convergência, essa transcendência de limites, situações e objetivos. Tudo convergia para o momento do sepultamento. As situações de convergência são configuradas por direções transcendentes que agrupam e organizam o convergente. É como se fosse criado o onde chegar, o que atingir independente de quem e como é atingido.
Convergir é ir além dos próprios constituintes situacionais, é o pulo do gato, é o pulo do abismo, às vezes o pulo no abismo à depender de quais limites e situações sejam transcendidas. Convergir é, portanto, virar movimento que permite ultrapassagens e realizações. Não há convergências quando existem metas e propósitos, pois estar organizado para atingir resultados é massificador. O movimento massificado busca sempre um objetivo, as vontades individuais são cooptadas para realização de propósitos. Essa cooptação impede transcendência, transforma os indivíduos em massa de manobra, formata pessoas e grupos para inseri-los em objetivos uniformizadores, consequentemente alienadores. Em comícios e passeatas, por exemplo, não existe convergência, o que existe são adesões pré-formatadas. O que poderia ser transcendente desaparece, pois o que se quer é adaptação a uma nova ordem. Não há espontaneidade, há adesões cooptadoras de desejos, medos, ambições, que até podem se constituir em reivindicações, mas que não transcendem os limites, pois os indivíduos apenas aderem, são conduzidos.
Na convergência se reage sempre ao que transcende, imanta e arranca do real. Situações de desespero, incêndios e explosões, por exemplo, fazem buscar saídas, é a convergência transcendendo todos os limites de exequibilidade.
Convergir é transcender o imediato e limitado, é buscar o impossível na fuga, no encontro. É o ser polarizado, arrancado de todo o cotidiano, de todo o limite – é ser imantado.
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